█ Similia Similibus Curantur?

Como todos nós sabemos, o princípio fundamental da Homeopatia, Similia Similibus Curantur, faz menção a uma antiga locução latina que significa “coisas semelhantes curam-se com coisas semelhantes”.


O nosso país vive hoje uma situação bastante similar, em muitos aspectos, àquela que ocorreu em meados da década de 1960, quando as forças armadas foram conclamadas pelo povo a intervir no cenário político nacional, onde predominava a corrupção e o desejo de implantação de um regime comunista.


Em 31 de março de 1964, as forças armadas brasileiras deflagraram um movimento com o objetivo de depor o presidente João Goulart que, tendo sido eleito democraticamente em eleições livres, tentava, depois de empossado, implantar um regime comunista no país, com todas as mazelas que acompanham estes tipos de regimes (supressão das liberdades individuais, fim da livre iniciativa e da liberdade de expressão, estatização da economia, planificação centralizada, restrição às religiões, etc.).


 A vitória do Movimento Militar com a deposição de João Goulart acarretou profundas modificações na organização política do país, bem como na sua vida econômica e social. Todos os cinco presidentes militares que se sucederam declararam-se herdeiros e continuadores da Revolução de 1964. O país apresentou, desde então, altas taxas de crescimento econômico. O mundo passou a falar em milagre brasileiro; pois o país, estagnado no governo de João Goulart, começou a se desenvolver como nunca nos cinco governos militares que se sucederam.


O Movimento militar de 1964, todavia, não foi, em sua essência, um simples movimento político brasileiro envolvendo interesses partidários nacionais.


A causa ideológica que os motivou, extrapolava, de certa forma, o nosso contexto político interno, pois estava inserida no contexto da Guerra Fria entre o Leste e o Oeste, quando, de um lado, os Estados Unidos e demais potências ocidentais, e, do outro, a União Soviética e a China, buscavam estender suas ideologias para outras nações.


Um breve retrospecto histórico mostra que a expansão norte-americana foi definida pelo Presidente Roosevelt (1901-1909) através da política do ‘big stick’ (paulada). Como resultado da Doutrina Monroe, o ‘big stick’ destacava o papel dos Estados Unidos como nação guardiã da América (“destino manifesto”), dando-lhe o direito de intervir no continente americano.


A União Soviética, após a crise dos mísseis de Cuba, em 1961, buscava também, junto com a China, expandir sua influência na América Latina, o que não seria, em hipótese alguma, permitido pelos Estados Unidos da América.


Teve início, então, no ano de 1968, um movimento de guerrilhas no país em oposição ao Movimento Militar de 1964. Este movimento contava com apoio financeiro, além do treinamento de guerrilheiros, de diversos países comunistas: Cuba, China, URSS, Albânia e Argélia.


Surgiram no Brasil, a partir de então, diversos grupos guerrilheiros, como: Comando de Libertação Nacional – Colina; o Partido Comunista Brasileiro – PCB;  o Partido Comunista do Brasil – PC do B; o Movimento Revolucionário 8 de outubro – MR 8; a Ação Libertadora Nacional – ALN; as Forças Armadas de Libertação Nacional – FALN; a Vanguarda Popular Revolucionária – VPR; o Movimento de Resistência Militar Nacionalista – MRMN; a Resistência Armada Nacionalista – RAN; a Fração Bolchevique Trotkista – FBT; a Organização Combate 1º de maio; o Movimento de Ação Revolucionária – MAR; O Movimento Nacional Revolucionário – MNR; o Movimento Popular de Libertação – MPL; a Frente de Ação Revolucionária Brasileira – FARB; a Ala Vermelha do PCB; o Movimento de Libertação Popular – MOLIPO; o Movimento Revolucionário Tiradentes – MRT; a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares – VAR PALMARES; a Resistência Democrática – REDE; o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário – PCBR; o Partido Operário Comunista – POC; a Política Operária – POLOP; a Aliança Popular – AP e o Grupo Especial Nacionalista Revolucionário – GENRE.


Derrotados estes movimentos nos anos 70, com a maioria de seus integrantes, presos, mortos ou evadidos para outros países, a guerrilha urbana e rural terminou no país.


Com suas organizações praticamente aniquiladas no início dos anos 70, a maioria dos guerrilheiros abandonou, portanto, a luta armada. Ao longo da década, alguns militantes aderiram ao MDB, único partido de oposição ao regime. Nos anos 80, com a anistia e a abertura política, os antigos guerrilheiros dos diversos movimentos começaram a se organizar em partidos políticos que existem até hoje. Alguns integrantes do PCB foram para o PPS; alguns do MNR e da VPR foram para o PDT; alguns do MR-8 e do PCBR foram para o PMDB; alguns do PCBR e da ALN foram para o PT; alguns do PCdoB e da AP foram para o PCdoB.


Com o declínio econômico da URSS, a Glasnost e a Perestroika nos anos 80, o Ocidente, capitaneado pelos USA, acreditou que o imperialismo comunista havia sido, finalmente, destruído.


Finda, pois, a ameaça comunista no Continente Sul Americano, os militares brasileiros foram substituídos por civis nos novos governos que se instalaram após a realização de eleições livres e democráticas, promovida por aqueles. Muitos ex guerrilheiros foram eleitos para prefeitos, governadores, deputados, senadores e, até mesmo, para o cargo de presidente da república. As populações latino-americanas, como sempre, não se deram conta de que o comunismo não estava morto como pensavam; apenas mudara a sua tática de tomada do poder. Abandonara a tradicional via da violência e partira para a nova via Gramscista, isto é, a tomada pacífica das instituições públicas e das mentes dos indivíduos, antes do golpe final.


Com a eleição, para cargos políticos, de inúmeros ex guerrilheiros e militantes de esquerda, a partir de 1995, os três poderes da república foram sendo aparelhados com ativistas e simpatizantes do marxismo. O Foro de São Paulo, entidade constituída por centenas de partidos de esquerda do Continente, traçava as diretrizes visando transformar toda a América Latina em um território comunista; ou seja, na União das Repúblicas Socialistas da América Latina – URSAL. A corrupção no Brasil grassava solta, como forma de enriquecer políticos e partidos de esquerda e também como forma de desviar dinheiro público brasileiro para fortalecer movimentos comunistas em todo o continente sul americano.


Quase em vias de nos transformarmos em um país comunista, após três décadas de governos de esquerda, nas eleições de 2018 fomos salvos, momentaneamente, de um trágico destino de miséria e de privações. A eleição do presidente Jair Bolsonaro, um liberal, conservador e honesto, trouxe novo ânimo a 58 milhões de eleitores.


Ocorre, no entanto, que ele encontrou, ao assumir o cargo, os três poderes da república aparelhados com militantes e ativistas de esquerda, ali colocados pelos anteriores governantes ao longo de três décadas. Não tendo aderido à velha política de oferecer cargos na administração, aos parlamentares, em troca de apoio político e, ademais, por ter cortado as enormes verbas públicas que compravam a cooptação da grande Mídia, passou a ser por estes combatido freneticamente. Traído, também, por alguns aliados que ajudou a eleger ou que nomeou como ministros do seu governo, hoje o presidente se encontra cerceado em suas atividades e impedido de governar pelo parlamento e pelo Supremo Tribunal Federal (cuja maioria dos ministros foi ali colocada pelos anteriores presidentes de esquerda), estando muito próximo de um impeachment.


As situações de 1964 e de 2020 são, até certo ponto, semelhantes: a Guerra Fria ainda persiste. A China e a Rússia possuem enorme interesse nos recursos naturais do continente sul americano, notadamente aqueles do Brasil. Os USA, certamente, não vêm com bons olhos a penetração destas duas potências nucleares no nosso continente, principalmente por constituirmos uma área de refúgio e de abastecimento dos USA em caso de um conflito com a China e/ou Rússia. Possuímos um governante de direita, ameaçado de um golpe pela esquerda venal ainda encastelada nos três poderes, a economia apresenta déficit orçamentário imenso, o desemprego deve dobrar e as empresas comerciais, industriais e de serviços encerrarem suas atividades aos milhares, em todo o país ou serem adquiridas pela China na bacia das almas.


As grandes questões que se colocam são as seguintes: Caso Jair Bolsonaro, eleito por 58 milhões de eleitores brasileiros, político reconhecidamente honesto, cristão, que deseja transformar o nosso país em uma potência econômica, seja destituído do governo pelos corruptos e pelos esquerdistas, em um golpe de estado visando transformar o país em um regime comunista cleptocrata, surgirão, tal como em 1968, movimentos guerrilheiros de libertação, de tendência conservadora de direita? Nossos vizinhos do Norte entrarão neste embate para evitar que sejamos uma colônia comunista da China e/ou da Rússia? As nossas forças armadas estarão unidas e coesas ou divididas? Farão direita volver ou esquerda volver, antes de seguirem em frente? Similia similibus curantur?


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